POÇAS D’ÁGUA DA MINHA INFÂNCIA

O menino corre e a alegria vai com ele.

Não o deixa, enleva-o e eleva-o aos pontos mais altos de sua imaginação.

A alegria, nós a temos inerente à nossa natureza.

Nascemos para ser alegres, felizes. Para sorrir, cantar e correr como aquele menino descalço e sem camisa, porém feliz, cujos pés alcançam o mais íntimo sentimento de pureza da alma.

Não podemos ser tristes, ou melhor, não devemos ou … não deveríamos sê-lo.

Eis que surge a ganância a arrogância e a petulância de muitos, muitos… muitos.

Há recursos para todos, há alegria para todos, há felicidade para todos, mas alguns insistem em regrá-las, entregá-las aos poucos como se favores estivessem prestando a alguém.

A riqueza de alguns impõe, necessariamente, a pobreza a outros?

Não. Claro que não.

O que acontece é que alguns a opõem, impõem e sobrepõem a todas as situações de fé, esperança e de alegria. Até mesmo aquela alegria do menino que corria descalço, sem camisa e feliz colocando os pés nas poças d’água, marcas indeléveis da chuva que acabara de cair e da felicidade que, ainda, se estampa em seu jovem rosto.

Até quando? Não sei.

O que sei é que a alegria existe, sim, e, dela, não devemos abrir mão e permitir que alguns nos ditem se temos que ser felizes ou não.

Vou voltar a correr como o menino que fui nas ruas de São Luís do Maranhão quando, antes, durante e após as chuvas, deliciava-me com os pés descalços nas poças d’água da minha infância.